comemoramos um novo 24 de marçoo Dia Nacional da Memória da Verdade e da Justiça, e o fato de este ano ter uma cota especial é incontornável: é atravessado pelos 40 anos de democracia que – eleições presidenciais em poucos meses – temos nos dado como país e como uma sociedade.
À medida que a data se aproximava (e com o dispositivo elétrico da Seleção em mãos, claro, ruminando sobre as reais possibilidades de conseguir uma passagem), também pensei que poderíamos receber a recente Copa do Mundo (os sub-36 pela primeira vez, mas na verdade a cidade inteira) em circunstâncias que admitem uma celebração mais transparente, mais limpa, mais pura.
A Copa do Mundo de 78 foi disputada, vivida (foi forjada?) última ditadura cívico-militar que a Argentina sofreu. A esta altura todos sabemos que os gritos dos golos no Monumental silenciaram os desoladores que aconteceram na Capuchita da antiga ESMA.
Assim, com aquele pano de fundo do futebol – e sem pretender banalizar a data, muito pelo contrário – vale lembrar que 40 anos de democracia ininterrupta não são comemorados todos os dias.
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Muito menos sabendo que somos um território imerso em uma América Latina que -infelizmente- conhece reviravoltas, golpes e resistências. O contexto, tantas vezes dilacerado, fala-nos desta vez, na Argentina, de um 2023 com muito por fazer (sim), mas com alguns marcos memoráveis dignos de celebração. Pessoalmente, gosto de pensar dessa maneira.
40 anos de memória e democracia ininterruptas
E mais uma vez, como professor, acho São datas que devem ser levadas para as salas de aula. Não só em acto porque a “efeméride” assim o indica, mas com um percurso constante que ajuda os nossos alunos a construírem-se numa actividade cívica activa e responsável.
As reflexões e análises que podemos –devemos- fomentar nas instituições educativas abrem as possibilidades de parar a bola em tão vertiginosa evolução diária para que possamos, todos nós, compreender os processos históricos pelos quais passou nossa Pátria para que as atrocidades, o horror, o genocídio, realmente não se repetem nunca mais.
Com material exclusivo, vem El Diario del Juicio: entrevistas, homenagens e um registro histórico confiável
Também é verdade que palavras como “democracia” ou “soberania” (pensar no dia 2 de abril) são palavras difíceis de abordar e explicar para crianças e adolescentes.
Em um mundo definitivamente virtual, mas ao mesmo tempo tão tangível -com obsolescência que deve ser substituída ontem-, mergulhar em palavras que exigem tal profundidade em sua conceituação bastante abstrata torna-se um desafio em sala de aula.
Mas não é menos verdade que a Argentina é um país que sempre, e digo com orgulho, esteve na vanguarda Direitos humanos.
A comemoração (porque assim o espero) dos 40 anos de democracia se dará com a troca de comando presidencial. Um ano eleitoral, já sabemos, é sempre crítico. Mas estamos em março e ainda faltam muitos meses: seria interessante poder traçar o caminho, desde as escolas, com consciência cidadã.
Talvez isto 24 de marçoque resgata o nome e a vida dos 30.000 desaparecidos durante a ditadura, nas mãos de um governo feroz, pode ser a primeira praça a começar a avançar para um 10 de dezembro que augura um bom futuro para todos.
*Licenciatura em Gestão Educacional e Ensino de Línguas e Literaturas.
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