Durante sua passagem pelo C5N e Duro de Domar, Cristina Kirchner havia falado esta semana que um “eleição de terços onde o importante é entrar na cédula”. Mas neste domingo, também em entrevista, neste caso no DiarioAr, o presidente AAlberto Fernández questionou essa afirmação, perguntando: “De que adianta eu garantir minha palavra, minha terceira, e entrar em um segundo turno se nesse caso não somar mais votos?”

“Assim como a eleição de 2019 foi uma eleição de teto porque havia apenas dois partidos, entre a Frente de Todos e o Juntos por el Cambio reuniram 90% do eleitorado, agora estamos numa eleição de terços, onde o importante mais que o teto é o chão“, havia apontado o vice-presidente em difícil de domar.

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O presidente foi encorajado a questionar a visão eleitoral que o vice havia delineado dias atrás no C5N.

Diante dessas declarações de Cristina Kirchner, o Presidente respondeu em nota com DiárioAr ressaltando que esse terço não é suficiente para vencer: “De que adianta eu garantir minha palavra, minha terceira, e entrar no segundo turno, se aí não somar votos? Na minha opinião, assumindo que um terço dos eleitores nos apoia, o que precisamos é ir em busca de um maior acúmulo de adesões“.

Nesse sentido, o Presidente considerou que o caminho é “votar no PASO, permitindo a participação de todos os candidatos que queiram, porque isso significará aumentar o nível de adesões”. Para Fernández, “o segredo é quebrar os terços” que a Frente de Todos, Juntos por el Cambio e La Libertad Avanza teriam, mas fora “para reter o próprio voto, o importante é ir além dos fiéis para garantir o sucesso”.

Sem essa mobilização, no máximo cristalizaremos o terço que temos, conforme a análise que for feita. Mas com isso, dificilmente ganha”ele explicou.

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Por outro lado, Fernández também fez referência ao PASO e os descreveu como uma instância para “democratizar” as FdTpois considera que ditas eleições, “na medida em que permitam uma ampla participação, gerarão uma grande mobilização militante e promoverão uma maior adesão”.

Nesse sentido, destacou que no espaço político podem se apresentar tantos pré-candidatos “quantos quiserem se apresentar” e afirmou não acreditar que o peronismo “pode ​​continuar sendo personalista, verticalista e todas as coisas que foi quando Perón estava vivo.”

“Haverá muitas pessoas com carisma, mas não são Perón”

“O peronismo tem uma certa vocação para aceitar essa lógica porque nasceu de um grande caudilho que foi Perón, mas só houve um Perón na história, não nasce um a cada década”, disse e acrescentou: “Haverá pessoas com mais capacidade de liderança, haverá pessoas com muito carisma, mas não são Perón”.

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Alberto Fernández negou que a inflação seja consequência do acordo assinado com o FMI, que o vice-presidente qualificou de “inflacionário”.

Nessa mesma linha, o presidente acrescentou: “Quando Perón disse que a organização acaba com o tempo, o que ele nos disse é ‘eu vou morrer, organizem-se para que isso dure’. Para isso, a única forma de organizar um partido político é a democracia interna. Não sei quem é contra a democratização do espaço, quero acreditar que ninguém”.

“Como democratizar um espaço? Deixar as pessoas votarem”frisou o presidente e insistiu: “É hora de o espaço ser democratizado. Democratizar significa que as estruturas não governam e a decisão das pessoas que nos seguem sim. Como consequência dessa democratização, pode haver tantos candidatos quantos desejos de ser candidato.“.

Alberto Fernández sobre o acordo com o FMI

Durante a entrevista, o presidente fez referência ao acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e garantiu que “ele não aceitou um programa imposto”mas, em vez disso, negociou um acordo que fez com que a instituição financeira internacional “tivesse que aceitar condições que nunca havia aceitado antes”.

Por sua vez, sublinhou que o referido acordo inclui “um programa que garante o investimento na saúde, educação, ciência e tecnologia e obras públicas, que admitida a revisão quando a economia argentina foi alterada por condições exógenas“.

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Segundo o responsável, a referida cláusula permitia-lhe “rever os objectivos da reserva face aos efeitos da guerra na Ucrânia, e os do equilíbrio fiscal, fruto da seca histórica”.

Da mesma forma, após ser consultado sobre as críticas do vice-presidente em relação ao fato de que o acordo assinado é de natureza “inflacionária”, Fernández reconheceu que o aumento sustentado de preços “existe na Argentina”, mas negou que isso fosse consequência da negociação acordado com a agência.

“O que acontece é que, na lógica dele, se você corrigir as taxas, isso é inflacionário. Se essa é a lógica, o que você quer que eu diga? Não, não tenho solução. E se você não corrige a inflação, o que você faz? Você tem déficit, e se não tem crédito, você emite. Isso não é inflacionário? É uma discussão. Não quero entrar nessa discussão porque já vivi, já ouvi em privado e em público”, concluiu.

AS/HB

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