Quatro funcionários judiciais na Nicarágua estão desaparecidos há mais de cinco meses, desde a sua prisão em 5 de abril de 2024. Esses funcionários incluem Sayda María Sequeira Vanegas e seu companheiro Domingo Antonio Munguía Carrión, incluindo Brenda Yahosca Sequeira Vanegas e Ovidio Yoan Aguirre. Roubo em lojas. A situação foi denunciada como um ato de desaparecimento forçado sob o regime de Daniel Ortega e Rosario Murillo.
Segundo informações de fontes próximas ao judiciário, a prisão de Brenda e Ovidio está relacionada à renúncia de duas acusações de dois anos, motivadas pelo descontentamento com as reformas salariais e a perda de benefícios trabalhistas. Ela havia sido levantada para permitir que eles imigrassem para os Estados Unidos, onde tinham parentes dispostos a ajudá-los a se estabelecer. Por outro lado, Sayda e Domingo continuarão em seus cargos, mas estão ligados a Brenda e Ovidio por laços familiares, já que Brenda e Sayda não estão mais vivos.
Brenda Yahoska trabalhou por aproximadamente 20 anos fora do judiciário, começando como promotora e se tornando assistente do juiz Armengol Cuadra. Seu marido, Ovidio Aguirre, tem 16 anos de experiência na instituição e, na época de sua renúncia, estava servindo como consultor jurídico na Suprema Corte de Justiça. Ambos eram membros ativos da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) e receberam seus cartões de membro.
Apesar da situação, Brenda e Ovidio não podem receber visitas familiares da prisão. Atualmente, Brenda só pode receber ordens a cada duas semanas na prisão de La Esperanza, enquanto Ovidio está preso em “La Modelo”, onde também recebe ordens, mas apenas visitas.
Quanto a Sayda e Domingo, ela trabalhou no sistema judiciário por 12 anos e ocupou o cargo de assistente no Tribunais de Manágua. Apesar de ser membro da FSLN e participar de atividades partidárias, Sayda não havia renunciado à responsabilidade no momento de sua captura. Ela também não recebe visitas familiares e só pode receber pacotes a cada duas semanas.
Domingo, por sua vez, era motorista de um magistrado e trabalhou na Polícia Nacional antes de ingressar no Judiciário. Desde sua captura, ele não teve contato com sua família, incluindo a entrega de encomendas.
Os quatro detidos não são figuras proeminentes no sistema judicial e não há acusações formais contra eles. Sua prisão faz parte de um contexto mais amplo de demissões em massa no judiciário, que desde outubro de 2023 afetou mais de mil trabalhadores e funcionários.
Diante da ausência de informações sobre seu paradeiro e do silêncio do governo sobre sua situação, há preocupação entre familiares e organizações de direitos humanos, que veem neste caso mais um exemplo da repressão e do controle exercidos pelo regime.