A cirurgia bariátrica é o nome dado a um conjunto de procedimentos que buscam auxiliar no processo de emagrecimento como parte do tratamento de pessoas com obesidade grave ou moderada. No Brasil, o tipo mais comum de cirurgia é a chamada de bypass gástrico, que envolve uma redução significativa do estômago, de até 90%. A operação é importante para diversos pacientes, levando a uma alta perda de peso e a uma melhora de condições de saúde, mas requer acompanhamento nutricional e psicológico a longo prazo.

O que é a cirurgia bariátrica?

A cirurgia bariátrica, também chamada de gastroplastia ou de redução de estômago, como é popularmente conhecida, é na realidade um termo que se refere a um conjunto de intervenções no sistema digestivo para auxiliar no emagrecimento de pacientes com obesidade e quadros graves.

Isso porque, geralmente, um estômago tem espaço para cerca de 1 litro a 1,5 litro de alimento. Porém, após a cirurgia, o órgão passa a ter a sua capacidade reduzida para apenas de 25 ml a 200 ml. Com isso, a sensação de estar “cheio” é maior, menos calorias são consumidas e, consequentemente, ocorre uma diminuição do peso corporal.

Hoje, existem 3 principais técnicas de cirurgia bariátrica. São elas:

Cirurgia bariátrica bypass

Também conhecida como bypass gástrico ou gastroplastia “Y de Roux”, a cirurgia bariátrica bypass é o procedimento mais realizado no país. Segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), corresponde a cerca de 75% de todas as operações do tipo.

Como é a cirurgia bariátrica bypass?

Ela envolve dois momentos. No primeiro, o tamanho do estômago é reduzido drasticamente, deixando somente cerca de 10% da capacidade original. Isso é possível por meio do grampeamento de parte do órgão.

Na segunda etapa, é feito um desvio do intestino inicial, o duodeno. Com isso, o médico realiza uma anastomose, que é a junção do estômago remanescente com uma parte do intestino mais abaixo do duodeno, o jejuno.

Essa estratégia reduz a absorção de nutrientes, mas acelera a liberação de hormônios que promovem saciedade pelo fato de esse mecanismo ocorrer principalmente quando o alimento chega ao jejuno.

Cirurgia bariátrica sleeve

A cirurgia bariátrica sleeve, também conhecida como gastrectomia vertical, envolve uma redução menor do estômago, deixando de 15% a 30% do tamanho original. O órgão é transformado também por meio do uso de grampos, mas num tubo estreito, sem alterar a conexão com o intestino – consequentemente, sem prejudicar a absorção de nutrientes. Por isso, a técnica tem se tornado mais comum. Ela promove um emagrecimento semelhante ao da cirurgia bypass.

De modo diferente dos métodos anteriores, a banda gástrica ajustável, também chamada de balão gástrico, reduz o espaço do estômago por meio de balão de silicone inserido no órgão por uma endoscopia. Ele é preenchido com uma solução salina liberada por um implante localizado sob a pele do paciente.

Segundo o Instituto Baiano de Obesidade (IBO), o balão é temporário, dura de 6 meses a um ano. Por isso, geralmente é indicado em casos de obesidade muito grave, ou seja, IMC maior que 50 kg/m2, para auxiliar no emagrecimento durante a fase pré-operatória de uma outra cirurgia bariátrica, aumentando a segurança do procedimento.

Quem pode fazer a cirurgia bariátrica?

Hoje, a bariátrica é indicada para maiores de 16 anos em dois casos:

  • Pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 kg/m2 (Obesidade Grau III – grave);
  • Pessoas com IMC acima de 35 kg/m2 (Obesidade Grau II – moderada ) com comorbidades associadas ao peso, como hipertensão, apneia do sono, esteatose hepática (gordura no fígado), entre outras.

As novas diretrizes da Federação Internacional para a Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos (IFSO), porém, sugerem ampliar as recomendações para todos com o IMC acima de 35, independentemente da presença de comorbidades.

Além disso, incluir aqueles com IMC entre 30 e 35 (Obesidade Grau I – leve) que apresentem diabetes tipo 2 de difícil controle. O Conselho Federal de Medicina (CFM) ainda não atualizou as diretrizes após as mudanças da IFSO.

O IMC pode ser calculado dividindo o peso (em quilogramas) pelo quadrado da altura (em metros). Por exemplo, se você pesa 70 kg e tem uma altura de 1,75 metros, a conta será 70 dividido por 3,0625 (1,75 x 1,75). O resultado seria um IMC de 22,86.

Quantos quilos perde com a bariátrica?

Segundo a Beneficência Portuguesa, os procedimentos englobados pela cirurgia bariátrica proporcionam uma redução de em média 35% a 40% do peso total depois de 12 a 18 meses da operação.

O que muda na vida de uma pessoa que faz bariátrica?

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a bariátrica pode trazer uma série de benefícios para pacientes com obesidade em relação não apenas ao peso, mas às doenças associadas – como pela remissão da diabetes, pelo melhor controle da pressão arterial, das gorduras no sangue, dos níveis de ácido úrico, pelo alívio das dores articulares, entre outros.

Como é a recuperação de uma cirurgia bariátrica?

Em relação à alimentação, imediatamente após a cirurgia o paciente passa por períodos em que pode consumir apenas líquidos e, depois, comidas pastosas. Geralmente esse tempo dura um mês. Depois, ele poderá retornar, gradualmente, à rotina alimentar normal, mas com as alterações para impedir que o peso retorne.

No entanto, os pacientes deverão ser acompanhados pelo resto da vida do ponto de vista nutricional para garantir que recebem todos os nutrientes necessários, seja somente pela alimentação, seja pelo auxílio da suplementação, já que a capacidade de absorção deles no intestino pode ter sido afetada.

Além disso, o acompanhamento psicológico é indispensável para auxiliar, por exemplo, os casos de obesidade associados a distúrbios como o comer compulsivo. Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) identificou que aproximadamente 92% dos pacientes começam a recuperar pelo menos 20% do peso perdido após dois anos da cirurgia, período que coincidiu com o momento em que muitos abandonaram o apoio psicológico.

Sobre a vida pós-cirurgia, a SBEM aponta ainda que aqueles que perderem muito peso poderão precisar de uma cirurgia plástica para retirar o excesso de pele, o que pode ser feito aproximadamente dois anos após a bariátrica.

Qual é o valor da cirurgia bariátrica?

Os valores de uma bariátrica podem variar muito a depender do método utilizado, do local em que o procedimento será feito, da equipe profissional, entre outros fatores. No Brasil, em média, o preço da cirurgia vai de R$ 30 mil a R$ 50 mil na rede particular. Muitos planos de saúde cobrem o procedimento.

Na rede pública, a intervenção está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) dentro dos critérios de ter um IMC acima de 40, ou acima de 35 junto às comorbidades associadas ao peso. É necessária uma indicação médica, porém a espera pode levar anos.

Quais são os riscos de fazer bariátrica?

Assim como toda cirurgia complexa, a bariátrica tem riscos, embora seja considerada um procedimento seguro no geral. De modo raro, pode gerar complicações como infecções, tromboembolismo, formação de fístulas, obstrução intestinal, abscessos e pneumonia. Além disso, podem surgir sintomas gastrointestinais no pós-operatório.

Por isso, é muito importante que o paciente realize o procedimento com uma equipe especializada, que sejam feitas todas as consultas e exames necessários antes da cirurgia e que as recomendações do médico, tanto no pré, como no pós-operatório, sejam seguidas.

Fontes: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM); Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM); Beneficiência Portuguesa; Ministério da Saúde; Rede D’Or e Instituto Baiano de Obesidade (IOB).