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“Desde que comecei minha vida profissional, trabalho na empresa da minha família. Nos últimos tempos comecei a sentir vontade de viver outras experiências. Pensei em procurar emprego na mesma área mas em uma empresa diferente, ou mesmo empreender, mas tenho medo de acabar fracassando. Por onde devo começar?” Administradora, 29 anos

Antes de tomar a decisão, é importante que você reflita sobre quais são os seus objetivos futuros. Uma grande ajuda para definir decisões de curto prazo é pensar quais são os seus objetivos de médio e longo prazo. Onde você se vê daqui a 5 a 10 anos? Como se pareciam o negócio e a posição que você ocuparia? Quais são as habilidades e conhecimentos que você precisará dominar?

Com isso um pouco melhor elucidado (não precisa ter todos os detalhes, mas um bom norte é o suficiente), pergunte-se em dois cenários:

1. Quais são as competências e experiências que você tem hoje que vão ao encontro desse objetivo? Existem oportunidades na empresa atual que ajudariam a desenvolver as competências que você precisará futuramente? Aqui você pode ter insights que defendam a ideia de permanecer e talvez ter as conversas importantes para ajustes necessários, para que seus interesses convirjam com os da empresa atual e vice-versa. Muitas vezes (e temos diversos casos brasileiros), a empresa da sua família é um excelente caminho profissional, mas pode ser necessário realizar “conversas difíceis” para que vejam você antes como profissional do que como um ente familiar.

2. Caso perceba que o ambiente atual ou as conversas sobre suas expectativas não convergem com a empresa, abre-se a oportunidade de você se questionar sobre novos desafios. E nisso, é recomendado se perguntar: Olhando para o meu objetivo futuro, é mais importante aprender com pessoas que já estão no ramo ou é mais importante a competência de descobrir “sozinha” e aprender fazendo? No primeiro caso, ter um ambiente estruturado e com pessoas que possam apoiar diretamente o seu desenvolvimento é um caminho para a escolha de uma nova empresa. No segundo caso, se você tem uma boa tolerância a riscos (e também uma reserva financeira), além de uma forte orientação para criar coisas do zero, pode ser um bom caminho empreender. Inclusive, as experiências diferentes podem até trazer mais robustez profissional para que, quem sabe, no futuro você volte à empresa da família e faça uma grande diferença. Logo, não feche as portas e saia da empresa da mesma forma cuidadosa com a qual você entrou!

Colunista afirma que para definir decisões de curto prazo é interessante refletir sobre os objetivos profissionais de médio e longo prazos — Foto: Pexels

Em qualquer um dos casos, não deixe de reservar tempo para o seu autoconhecimento. Poder refletir sobre seus erros e acertos profissionais até agora, os projetos que você mais gostou ou menos gostou de trabalhar, os tipos de ambientes empresariais que você melhor lidou e os que não… todos esses insumos ajudarão a entender quais as trajetórias profissionais fazem mais sentido para você.

A pessoa mais impactada pela sua carreira é você mesma. Não existe um caminho profissional certo ou único, antes de tudo, ele precisa fazer sentido para você!

Também ajuda muito conversar com diversas pessoas de confiança e que tenham experiência comprovada nas áreas que você está sondando. Entretanto, tome cuidado para que essas pessoas tenham vivido isso na pele mesmo, para que haja credibilidade nas suas visões. Muitos desses papos podem abrir caminhos que não foram cogitados e também ajudar a ter uma fotografia mais realista das partes boas e das partes difíceis dessas decisões. É importante não romantizar tanto a carreira corporativa quanto a carreira empreendedora.

Nenhum lugar será perfeito, o importante é encontrar um local onde as suas prioridades na decisão por um trabalho sejam valorizadas e aquilo em que a empresa/carreira não é boa seja menos relevante para você. Mas ter alguns dias difíceis e tarefas não prazerosas são realidade em qualquer lugar.

E esteja atenta sobre o medo de fracassar. Ninguém quer errar, mas os erros inteligentes, aqueles nos quais capturamos aprendizados, nos ajudam a crescer. Em nenhum local teremos 100% de certeza do sucesso, mas um bom estudo prévio e muito autoconhecimento ajudam a fazer apostas mais assertivas. Precisamos estar atentas se esse medo é só um estímulo de cuidado e atenção nas decisões ou se pode ser a nossa “síndrome de impostora” falando mais alto, dizendo que não somos capazes e não devemos arriscar, sabe?

De qualquer forma, nunca teremos total controle e previsão de tudo. Muito do que você escolher hoje pode não fazer sentido amanhã. E saiba que você sempre poderá parar, refletir e recalcular a rota. E não tenho dúvidas, aprender muito com o processo, assim como viver, cada vez mais, uma vida profissional que faça sentido unicamente para você!

Seja qual for a sua decisão, desejo muita sabedoria e sucesso!

Carolina Utimura é, desde os seus 25 anos de idade, CEO da Eureca – consultoria especializada em empregar e desenvolver jovens para grandes empresas – e, em 2022, foi escolhida Executiva de Valor, na categoria Jovem Liderança, pelo Valor Econômico.

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Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.