No final do ano passado, enquanto o mundo não imaginava que veria Lionel Messi vestindo um bisht e erguendo o troféu da Copa do Mundo, a empresa norte-americana OpenAi lançou ChatGPTum modelo avançado de inteligência artificial que tem entre suas funções a geração de textos e a solução de problemas complexos com uma linguagem natural.

O seu lançamento gerou muito fascínio e assinantes em todo o mundo, mas também suscitou muitos alertas, tanto no mundo da comunicação como no da educação. Muitos até consideram esta ferramenta um canal virtuoso para a desinformação.

Após a sua irrupção, o mundo da inteligência artificial começou a ter um maior interesse, mesmo entre os especialistas em comunicação digital. Durante os últimos dois meses, vários ensaios foram escritos e papéis a este respeito que suscitam mais dúvidas do que certezas sobre esta nova tecnologia e o seu impacto no mundo ocidental.

Desde os que a defendem como a última fronteira contra a desinformação aos que a descrevem como um poderoso aliado para aumentá-la, os analistas não conseguem determinar se a inteligência artificial será um herói ou um vilão. Sem dúvida, não passará despercebido.

Inteligência artificial: o vilão

Existem novos formatos e plataformas em inteligência artificial que permite-nos criar avatares de pessoas reais dizendo coisas que queremos.

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Inteligência artificial: Quem vai ganhar nesta luta com o humano?

Além disso, já existem aplicativos que permitem localizar uma pessoa ou a nós mesmos em grandes eventos da história, como Lionel Messi levantando a Copa do Mundo no México 86, continuando com a alusão à Copa do Mundo. Felizmente, não precisamos de tecnologia para ver o maior jogador de futebol de todos os tempos erguer o precioso troféu.

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Essas ferramentas nos permitem gerar uma mentira e fazer com que uma imagem falsa se espalhe como verdadeira com uma credibilidade e qualidade visual que dificilmente podem ser distinguidas. Nesse aspecto, será cada vez mais difícil distinguir a verdade da ficção.

No conflito entre a Rússia e a Ucrânia também vimos o uso de inteligência artificial criando rostos “humanos” de pessoas que não existem para dar maior credibilidade usuários falsos para espalhar um discurso anti-ucrânia. Esses são apenas alguns exemplos recentes do uso da IA ​​em sintonia com os interesses da desinformação.

Inteligência artificial: a heroína

No entanto, também existe todo um horizonte onde as mesmas ferramentas que são usadas para espalhar mentiras e até mesmo para alterar as disputas eleitorais (lembre-se da Argentina), têm um uso positivo contra a desinformação.

São vários os exemplos de ferramentas como o projeto de verificação assistido por inteligência artificial do União Europeiavera.ai, que é a continuação de projetos anteriores, como o projeto de verificação de vídeo, InVID ou a plataforma aberta de verificação colaborativa, WeVerify.

Esta iniciativa moderna é um projeto de pesquisa e desenvolvimento que tem como foco a análise de desinformação e ferramentas e serviços de verificação habilitados para IA.

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Na mesma linha, uma plataforma criada por pesquisadores brasileiros que combate a desinformação graças a uma combinação de algoritmos com 96% de eficácia na identificação de notícias falsas, por meio de uma combinação de modelos estatísticos e inteligência artificial, criada por pesquisadores do Centro de Matemática Aplicada à a indústria de Universidade de São Paulo.

Outro exemplo concreto e muito interessante é o Hybrids, um projeto liderado pelo Universidade de Santiago de Compostela que propõe uma metodologia singular que utiliza a cooperação da tecnologia e do conhecimento humano, por meio do processamento da geração de linguagem natural novos sistemas de interpretação neurosimbólica.

Inteligência artificial não tão inteligente

A crise originada pela pandemia do coronavírus acelerou a necessidade de repensar os mecanismos para evitar a desinformação, desenvolvendo instrumentos que permitissem apuração de fatos e checagem de dados sem que essa ação violasse a liberdade de expressão.

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Inteligência artificial: em vários aspectos pode ser um aliado da educação, da medicina, do mundo jurídico, do turismo, etc.

De qualquer forma, Que a inteligência artificial possa acabar com a desinformação parece um tanto complexo.

“Usar a IA para detectar e impedir a desinformação ainda está longe de ser uma realidade”, disseram eles em um episódio recente do Maldita Twitcheria, o canal Twitch do Maldita.es, um renomado meio de comunicação espanhol focado em checagem de fatos.

Lá, o engenheiro de aprendizado de máquina no paradigma digital, Ángel Delgado, baixou muito as expectativas. “Uma IA treinada pode ver o que é importante em um texto e, a partir do que aprendeu, gerar um novo, mas você nunca saberá ou entenderá o contexto do que leu ou do que está escrevendo” Ele destacou, além de apontar que geralmente há deficiências em termos de tom, já que uma máquina não é capaz de distinguir contextos e/ou estilos.

Uma inteligência artificial nunca saberá ou entenderá o contexto do que leu ou escreveu

Seguindo a linha de pensamento de Delgado, o futuro da inteligência artificial é uma verdadeira incógnita. Sem dúvida, a alfabetização e o conhecimento das novas ferramentas serão essenciais para evitar cair em boatos ou conteúdos falsos.

No entanto, conhecer as ferramentas pode ser útil, mas não será suficiente. Algo que realmente torna o futuro mais complexo para nós que combatemos a desinformação. Começar a se aprofundar no que é inteligência artificial e quais são as ferramentas mais populares sem dúvida será um salto de qualidade para não virar marionete daqueles que manipulam, por meio da desinformação, o discurso público.

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