Ex-Ministro da Economia Martin Guzman alertou que a dívida com o FMI é “tão grande que não vai dar para pagar por muito tempo”. “O dano é realmente grande. Essa é a gravidade a que o Together for Change expôs a Argentina E quando se trata de pensar no que a Argentina queremos, temos que olhar com muito cuidado para onde nos deixaram”, disse.

O ex-funcionário admitiu que faltou apoio político para avançar com o seu programa e sublinhou que agora a negociação com o FMI já não se enquadra como um “acordo de ajustamento”. “Não se faz economia sem apoio político e houve ações que acabaram gerando o contrário do que o programa econômico buscava”, disse Guzmán, oito meses após sua renúncia ao Palácio de Hacienda.

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Na mesma linha, sustentou: “Antes, com uma clara expansão dos gastos, se falou do ‘acordo de ajuste’, agora vê-se que a narrativa mudou e parece que não é mais do jeito. E se você olhar para os números, fica muito claro o que aconteceu.”

Guzmán deu uma entrevista de rádio na qual anunciou que acabara de criar um “‘tanque de ideias’ chamada Suramericana, que está crescendo e de onde se articulam programas para atender questões estruturais do país”. “O grande desafio da política econômica é distribuir os custos dessa seca da forma mais progressista possível, cuidando dos segmentos mais vulneráveisela disse.

Da mesma forma, sustentou que “para que a política fiscal sejar anticíclico, não basta gastar mais, tem que haver uma contrapartida na disponibilidade de divisas”.

Guzmán sobre a relação com o FMI

Guzmán sustentou que “Se o FMI quer atropelar a Argentina, é algo que nunca deveria ser permitido”. Além disso, aproveitou para contar algo sobre sua gestão no Palácio de Hacienda: “Lutei até a morte com o FMI nos últimos meses por uma questão específica que era a taxa de juros. Tínhamos nossa visão sobre isso e nos apegamos a ela.”

Nesse sentido, destacou que o déficit fiscal “não é a única causa da inflação”. “Você pode diminuir o déficit e ter mais inflação, na verdade é o que vem acontecendo e aconteceu durante a gestão do governo anterior“, ele adicionou.

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E disse que “houve diferentes comunicações formais e informais de membros da oposição sobre o mercado da dívida pública em pesos altamente irresponsáveis ​​e, além disso, infundadas”. “Qualquer um que queira governar a Argentina tem que ter muito claro para onde está indo. Muitos candidatos dizem que têm um plano. Bem, diga que sim, Qual é o seu plano. Em que vamos votar”, disse ela.

O ex-ministro considerou ainda: “muito importante que a negociação com o FMI deve ser tomada como uma negociação política e não técnica para poder construir condições de apoio para o que a Argentina precisa, que é poder levar a cabo as políticas definidas pelo Governo”.

Ele lembrou que “o acordo estabelece no artigo 11 que existem condições de incerteza e que pode haver eventos -diferentes tipos de choques, mencionando os climáticos- que impliquem ter que recalibrar”. Ao final, Guzmán argumentou que a Argentina é “efetivamente uma economia bimonetária com uma moeda muito fraca que deve ser trabalhada para fortalecê-la”.

AR/MCP

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