O número de empresas que tiveram expansão acima de 20% do pessoal por três anos seguidos — chamadas pelo IBGE de empresas de alto crescimento — teve em 2021 a maior alta da série histórica, iniciada em 2009. A informação é da pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo 2021, divulgada nessa quinta-feira (26).
O contingente total dessas empresas atingiu 27.627 em 2021, um crescimento de 13,4%. Até então, a maior alta anual tinha sido registrada em 2019, de 10%. Em 2020, primeiro ano da pandemia, houve queda de 2,6%.
Para o analista da pesquisa Thiego Gonçalves Ferreira, o crescimento de 2021 está ligado à expansão da atividade econômica daquele ano, após a recessão de 2020, e também foi influenciado por uma demanda represada do ano de 2020, que foi afetado pela pandemia. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro subiu 5% em 2021, após retração de 3,3% em 2020.
“Em 2020, teve um decrescimento das empresas de alto crescimento, como reflexo da pandemia. Isso ilustra a dificuldade que parte das empresas teve de expandir sua mão de obra, de contratar pessoal e crescer. Com essa estagnação, talvez tenha tido uma necessidade represada, que em 2021, e o cenário econômico mais favorável pode ter contribuído para que mais empresas tenham crescido relativamente”, diz Ferreira.
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Apesar do número pequeno das empresas de alta crescimento frente ao total das empresas ativas (27,6 mil frente 5,196 milhões de empresas ativas, ou 0,05%), o também analista da pesquisa Eliseu Marques Ferreira de Oliveira destaca a importância dessas companhias para a geração de novas vagas de trabalho.
“Essas empresas foram responsáveis pelo saldo de 2,5 milhões de assalariados entre 2018 e 2021, o que representa quase metade [48,6%] da geração de postos de trabalho no período”, afirma.
A pesquisa também traz informações sobre o porte dessas companhias. Em 2021, as empresas de alto crescimento apresentaram tamanho médio de 143,7 empregados, mais do que o dobro da média de 59,7 observada naquelas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas.
Em 2008, início da série histórica da pesquisa, as empresas de alto crescimento apresentavam o porte médio semelhante àquelas com 10 ou mais pessoas. Era de sete empregados a menos que os das empresas de 10 ou mais pessoas (52,6 pessoas assalariadas).
A Demografia das Empresas considera apenas unidades ativas de entidades empresariais. A base é o Cadastro Central de Empresas (Cempre), mas não entram nesta conta, portanto, órgãos da administração pública, entidades sem fins lucrativos e as organizações internacionais que atuam no país. Também estão de fora os microempreendedores Individuais (MEIs).