O líder da oposição da Polônia, Donald Tusk, declarou vitória nas eleições realizadas neste domingo após a divulgação de uma pesquisa de boca de urna indicar que a coalizão contrária ao Lei e Justiça, partido que governa o país, terá votos suficientes para conquistar o poder.

A pesquisa realizada pelo Ipsos em parceria com as principais emissoras de TV polonesas indicou que os três partidos da oposição – Plataforma Cívica, Terceira Via e Nova Esquerda – conquistaram 248 das 460 cadeiras na câmara baixa do Parlamento.

O conservador Lei e Justiça, que governa o país há oito anos, foi o partido mais votado, mas somaria apenas 200 assentos, de acordo com a projeção. Já o Confederação, grupo de extrema direita, levou 12 cadeiras, número insuficiente para a conquista da maioria parlamentar.

“Sou político há muitos anos. Sou um atleta. Nunca em minha vida fiquei tão feliz com o aparente segundo lugar”, afirmou Tusk, ex-premiê do país, sobre o resultado. “A Polônia venceu. A democracia venceu. Nós os tiramos do poder.”

“Esse resultado ainda pode ser melhor, mas já hoje podemos dizer que este é o fim de um período ruim, é o fim do governo do Lei e Justiça”, acrescentou o opositor.

O líder do Lei e Justiça, Jaroslaw Kaczynski, reconheceu que o resultado da boca de urna era incerto para seu partido. Em discurso a apoiadores, ele celebrou o fato de a legenda ter sido a mais votada no pleito, mas reconheceu que a oposição pode chegar ao poder pela falta de maioria parlamentar.

A vitória da oposição deve encerrar um período tumultuado no relacionamento da Polônia com a União Europeia. O bloco europeu reteve mais de 35 bilhões de euros em repasses ao país em resposta à aprovação de leis que restringiram a independência da Justiça e a liberdade de imprensa no país nos últimos oito anos.

A Comissão Eleitoral da Polônia espera divulgar os resultados da votação na manhã de terça-feira. Com os números em mãos, caberá ao presidente do país, Andrzej Duda, aliado do Lei e Justiça, indicar um partido para tentar formar o próximo governo.

O atual premiê da Polônia, Mateusz Morawiecki, disse que Duda confiará a missão ao Lei e Justiça, que tentará formar a maioria parlamentar, apesar da pesquisa de boca de urna indicar que a oposição terá mais cadeiras na próxima legislatura.

Se isso não ocorrer, Tusk deve ser encarregado da missão e terá o desafio de unificar os partidos de oposição, cujas diferenças impediram uma candidatura conjunta nas eleições. Ele também precisará lidar com Duda, que pode vetar projetos elaborados pelo novo parlamento.

Donald Tusk, líder da oposição na Polônia, em discurso — Foto: Petr David Josek/AP