Pesquisa realizada para a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) mostra que 55,7% dos refugiados no Brasil estão desempregados. O levantamento foi feito em parceria pelo Colettivo, divisão para diversidade e inclusão da Vagas.com, com o Fórum Empresas com Refugiados, da Acnur, e a Belgo Arames.

Segundo o levantamento, entre os refugiados, 16,3% atuam em atividade informal, 14,9% de maneira formal e apenas 10,7% não estão trabalhando e não procuram emprego.

Cerca de 41,2% dos entrevistados enfrentaram dificuldades na busca por emprego. Apontam como principais barreiras idioma, falta de acesso a oportunidades, discriminação, obstáculos na revalidação de diplomas, entre outros fatores. Além disso, poucas empresas possuem programas específicos para a inclusão de refugiados.

Mais da metade dos que trabalham (55,4%) atua em sua área de formação ou experiência. “Isso revela um grande espaço para inclusão e desenvolvimento, considerando que a realização pessoal e profissional muitas vezes está ligada à atuação na área de expertise”, afirma Renan Batistela, Especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão na Vagas.com.

Quase metade (43,9%) das pessoas refugiadas acredita que a discriminação é um problema significativo no mercado de trabalho, outros 40,8% afirmaram que não e 15,2% disseram não ter certeza.

Quando questionadas se já haviam sido eliminadas de um processo seletivo pelo fato de serem pessoas refugiadas, a grande maioria das pessoas refugiadas (72,3%) disse que não, mas, ainda assim, uma pequena, mas considerável, parcela de 12,5% de pessoas disse já ter sofrido xenofobia no processo seletivo.

Disseram que já sofreram algum tipo de discriminação no ambiente de trabalho por ser uma pessoa refugiada 26% dos pesquisados, enquanto 67,8% afirmaram que não e 6,2% não têm certeza.

“Apesar da experiência e formação profissional, ainda observamos muitos desafios na inclusão efetiva de pessoas migrantes e refugiadas no ambiente de trabalho no Brasil “, comenta Angela Mota, gerente Projeto Ven, Tú Puedes da ONG Visão Mundial. “As barreiras na revalidação de diploma, em geral, impedem que eles sigam na carreira em que possuem expertise. Incentivamos as empresas a notarem estes talentos e desenvolver políticas internas de fortalecimento de competências deste público.”

Paulo Sérgio de Almeida, Oficial de Meios de Vida e Inclusão Econômica do Acnur defende a necessidade de uma maior colaboração entre todos os entes da sociedade para tornar o ambiente corporativo mais inclusivo. “Ainda há inúmeros desafios, principalmente entre os perfis mais vulneráveis e com necessidades específicas, como as mulheres chefes de famílias monoparentais”, afirma.

“Abrir as portas para essas pessoas e dar a elas uma chance de se reerguer é uma questão de respeito, humanidade, empatia e amor ao próximo”, afirma Luciana Macedo, gerente de Diversidade, Inclusão e Responsabilidade Social na Belgo Arames. “Do ponto de vista do negócio, sabemos que abraçar a diversidade é contribuir também para a alavancagem de resultados. É um processo onde todo mundo sai ganhando. No entanto, é importante conhecer as particularidades que a temática possui e investir na inclusão dessas pessoas, de forma completa, levando em conta toda e qualquer dificuldade que possa exigir na adaptação de uma pessoa migrante/ em situação de refúgio no mercado de trabalho formal em nosso país.”

Foram entrevistadas digitalmente 289 pessoas refugiadas provenientes dos seguintes países: Venezuela, República Dominicana, Colômbia, El Salvador, Cuba, Haiti, Angola, Nigéria, Moçambique, Marrocos e Afeganistão.