A polícia iraniana anunciou que prendeu o “principal assassino” do cineasta Dariush Mehrjui, que foi esfaqueado ao lado da mulher, Vahideh Mohammadifar, no fim de semana.
Um dos cineastas mais importantes do Irã, Mehrjui, de 83 anos, foi morto a facadas na noite de sábado, anunciou a Autoridade Judiciária no dia seguinte. A filha do diretor encontrou os dois já sem vida e chamou a polícia local, que abriu uma investigação sobre o caso.
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O diretor, representante do novo cinema iraniano, e sua mulher, Vahideh Mohammadifar, roteirista de 54 anos, foram assassinados em sua residência em Karaj, ao oeste de Teerã.
“O principal assassino, que estava entre as pessoas detidas pela polícia, foi identificado após exames da perícia e interrogatórios”, informou a agência Tasnim. “Os interrogatórios prosseguem para identificar os cúmplices e esclarecer as circunstâncias do assassinato”.
A polícia havia anunciado a detenção de 10 pessoas durante a investigação, informou na terça-feira o site Mizan Online, a agência de notícia do sistema judicial iraniano, sem revelar mais detalhes.
Dariush Mehrjui dirigiu “A Vaca” (1969), um dos primeiros filmes do chamado novo cinema iraniano, com o qual recebeu o prêmio do júri no Festival de Veneza em 1971.
Mehrjui e a mulher foram enterrados nesta quinta-feira na ala dos artistas do cemitério Behesht-e Zahra, ao sul de Teerã, segundo a agência estatal de notícias IRNA.
Figuras importantes da indústria cinematográfica iraniano, incluindo os diretores Jafar Panahi e Massoud Kimiai, compareceram ao funeral de Mehrjui e sua mulher na quarta-feira.
O ministro do Interior, Ahmad Vahidi, descartou qualquer “vínculo entre o assassinato de Mehrjui e os assassinatos em série” de intelectuais dissidentes cometidos em novembro de 1998 pelo serviço secreto do país.
Os crimes de 1998 foram atribuídos pelo governo a “elementos fora de controle” do ministério da Inteligência, que foram condenados a penas de prisão – alguns deles à prisão perpétua.
Mehrjui ganhou quase 50 prêmios durante a carreira, incluindo a Concha de Ouro do Festival de San Sebastián pela obra “Sara”.
Em entrevista publicada domingo pelo jornal Etemad, a mulher do cineasta declarou ter recebido ameaças e que sua casa havia sido roubada.
“A investigação mostrou que nenhuma queixa foi apresentada relativamente à entrada ilegal na propriedade da família Mehrjoui e ao roubo dos seus bens”, acrescentou Fazeli-Harikandi.
Entre 1980 e 1985, o cineasta permaneceu na França, onde dirigiu “Le Voyage au pays de Rimbaud”. Retornando ao Irã, ele triunfou nas bilheterias com “Os Inquilinos”.
Em 1990, filmou “Hamoun”, uma comédia sobre 24 horas na vida de um intelectual angustiado pelo seu divórcio e pelas suas preocupações intelectuais, num Irã invadido pelas empresas tecnológicas Sony e Toshiba.
Na década de 1990, Mehrjui também fez retratos de mulheres, incluindo “Leila”, um melodrama sobre uma mulher estéril que incentiva o marido a se casar com uma segunda esposa.