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A acusação de Fernández está baseada em declarações públicas de Milei que, dias antes da forte desvalorização da moeda nacional, disse que o peso argentino era “um excremento”.
No texto da denúncia, o chefe de Estado argentino, que nada disse ainda sobre a deterioração da situação cambial, financeira e social do país, afirma que as falas de Milei “atemorizaram a população”. A resposta do candidato, na tarde desta quarta-feira, foi acusar o governo Fernández de perseguir “a força política favorita da eleição”.
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— Quem causa terror é Alberto Fernández com sua política econômica. Alberto você é quem assusta as pessoas — declarou Milei.
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O chefe de Estado argentino também denunciou dois candidatos do partido de Milei, A Liberdade Avança, nas eleições Legislativas nacional e da província de Buenos Aires. Ambos aliados do candidato presidencial também opinaram em redes sociais e meios de comunicação sobre a crise cambial, e recomendaram aos argentinos se desfazerem dos pesos.
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Nas últimas 48 horas, Milei foi alvo de duas denúncias penais por suas opiniões sobre a moeda nacional — a segunda acusação foi apresentada pela advogada Valeria Carreras.
— O ministro da Economia, Sergio Massa, disse que prenderá os supostos responsáveis pela corrida cambial. Agora, o presidente pede abertamente minha detenção. O kirchnerismo está tentando sujar o processo eleitoral — afirmou Milei, numa coletiva de imprensa.
O candidato da extrema direita assegurou que suas falas são as mesmas dos últimos anos, e acusou o governo de estar tentando se descolar da situação de “descontrole econômico”.
— Estou fazendo política há dois anos, não tenho culpa da decadência dos últimos 100 anos… O que querem, que mintamos para as pessoas? Os economistas que dizem fiquem com os pesos e depois compram dólares são hipócritas — frisou Milei.
Milei encerrou a coletiva assegurando que no dia 22 de outubro “começa um nova Argentina, e termina um governo de delinquentes”.
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Nesta quarta, o dólar paralelo se manteve estável e fechou em 1.010 pesos. O clima no país é de forte tensão e temor pelo que possa acontecer nos dias prévios à eleição presidencial de 22 de outubro. Segundo Milei, a Argentina já vive uma hiperinflação, com aumento de preços de 470% no varejo de alimentos nos últimos 12 meses.
Num ambiente de forte incerteza, a Casa Rosada, segundo fontes, está negociando uma ampliação do swap com a China, para fortalecer as reservas do Banco Central e ter ferramentas para enfrentar novas corridas cambiais.
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Pesquisas divulgadas nos últimos dias confirmam o favoritismo de Milei, mas não permitem determinar se o candidato da extrema direita tem reais chances de vencer a eleição no primeiro turno. Para isso, na Argentina são necessários 45% dos votos, ou 40% com pelo menos dez pontos percentuais de vantagem em relação ao segundo colocado.