Nesta quarta-feira, 22 de março, a dívida soberana Argentina entra em colapso depois que o Governo afirmou que vai buscar retirar de órgãos públicos seus participações em títulos em dólar para reduzir o volatilidade cambial.

Em princípio, os analistas ouvidos pelo PERFIL sustentaram que a medida atenderia aquele gol para travar a volatilidade da taxa de câmbio, mas “a que custo?”

Os adjetivos qualificadores escolhidos pelos especialistas consultados por esta via foram: “estranha, terrível, mal executada e bomba-relógio”, e expôs um problema de comunicação por parte do Governo, já que “o mercado não entende a medida”o que explicaria o preço dos títulos soberanos nesta quarta-feira.

uma bomba-relógio

Uma medida atroz que deixa uma bomba-relógio para a próxima administração. Eles estão retirando títulos em dólares em entidades públicas como o Previdência Social (FGS) em troca de títulos público inestimável, que exigirá uma reestruturação. com aqueles dólares os mercados financeiros do dólar vão intervir”, apontou o economista Natália Motyl ao perfil.

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Eles pegam os mais vulneráveis ​​para entregá-los a algumas mãos. O problema não é a sustentação do peso, mas a demanda pelo peso que cai devido ao agravamento da crise de confiança. E isso tem suas raízes na última transmissãoque tem um impacto de até 24 meses. Hoje a prata é emitida para pagar os juros da dívida presente e futuro com aumento da dívida remunerada”, alertou o economista.

Questionada sobre a eficácia da medida, ela comentou: “A demanda por dólares continuará crescendo, enquanto a demanda por pesos continuar caindo. Da mesma forma, o aumento da dívida soberana apenas torna mais difícil para rolar nos próximos meses, já que por ser impagável, empurra para taxas de juros mais altas, o que afeta a atividade local e, posteriormente, sobre o mercado de câmbio”.

Um ato de desespero por parte de Massa

É uma medida mal executada. Parece um ato de desespero dependendo da situação do mercado e um sinal que como ministro da Economia não pode ser dado: desespero”, garantiu ao PERFIL Alexandre Bianchi, CEO da Advisor Investments.com.ar.

“Por outro lado, você tem que ter muito bem planejado como vai agir, o que vai fazer. Agora mesmo, há muita incerteza sobre as medidas e o que elas implicarão porque eles estão falando sobre a exclusão de títulos globais, quando na realidade o governo argentino não tem todos os títulos globais em circulação; mas se houver muitos indivíduos que têm títulos globais. Portanto, se os títulos globais não estiverem totalmente em sua posse, como você vai retirá-los da lista?”, alertou o analista.

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“Aquele que tem vínculos globais hoje, agora ele está imerso na incerteza sem saber se conseguirá vendê-lo. É por isso que a reação do mercadona minha opinião, é que o Governo isso nao esta claro o que eles vão fazer”, especificou Bianchi.

A operação está mal explicada?

Parece que está mal explicado que vão fechar o capital e que na verdade é uma operação de venda intra-setor público que não passaria pelo mercado e que vão retirar apenas esses títulos da negociação. O que é muito diferente de excluir um ativo”, justificou.

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O que Bianchi se refere é que fechar o capital de um ativo é retirá-lo do mercado e não pode mais operar. Por isso, o desespero de quem hoje tem títulos globais e de repente é informado que não poderá mais negociar esse título. “Você tem que sair e vender”, assegurou.

“Talvez a ideia subjacente e o que é perseguido é concentrar todas as participações em títulos do governoem títulos de direito local, para lhe dar maior liquidez e remover essa liquidez dos títulos locais para que a lei local seja a referência e assim poder controlá-los um pouco mais. Parece-me que esta é a intenção”, disse Bianchi.

Será que conseguirá amortecer a volatilidade da taxa de câmbio?

Na minha opinião, gera mais incerteza. Isso provavelmente colocará mais pressão sobre os dólares financeiros nas próximas semanas”, disse Motyl.

Por sua vez, Bianchi respondeu: “A princípio procure por isso. Realmente Não sei se conseguirá deter a evolução dos dólares paralelos, porque ao fundo há um banco central falidoque tem reservas negativas e que geralmente recebe um fluxo de dólares nessa época do ano produto da colheita que lhe permite resistir a estas fortes compras que o nosso mercado tem”.

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O que o analista está se referindo é que em ano eleitoral há muita volatilidadenum contexto em que a crise bancária nos Estados Unidos, os aumentos contínuos das taxas de juros, desencadeiam o risco. Nesse contexto, o investidor busca se dolarizar fugindo dos pesos. “Não haverá dólares para atender a essa demanda, pois o BCRA receberá US$ 20 bilhões a menos este ano por causa da seca”, alertou Bianchi.

Como eles estão tapando o buraco no BCRA?

“Com trocar, com maior endividamento com organismos internacionais e com medidas como a executada hoje pelo Ministério da Economia para tentar controlar o mercado de capitais. São todos paliativos, no fundo a realidade é bem diferente devido a fatores internos e em meio a um contexto em que há uma demanda muito forte devido às condições do mercado em geral”, afirmou.

“O lógico é que a taxa de câmbio buscará inicialmente a área de 450 pesos por dólar e só assim pode estabilizar pelo menos até as eleições, mais ou menos”, finalizou Bianchi.

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