A mais de cinco mil quilômetros de distância, um líder que não faz parte do governo, mas que conhece os movimentos da Casa Branca surpreende ao indicar Sergio Berni para explicar porque Joe Biden recebe Alberto Fernández em plena discussão eleitoral e interna. “Tem a ver com o que o Berni disse, o presidente não morreu”, lança. O chefe de Estado chegou a Washington na terça-feira para se reunir com seu homólogo dos Estados Unidos em um encontro bilateral ao qual a Argentina chegará em busca de apoio na discussão de números com o Fundo Monetário Internacional. Por outro lado, o vínculo com a China aparecerá na conversa.

O chefe de Estado vai obter nesta quarta-feira uma foto que havia sido truncada há oito meses, quando Biden foi infectado pelo coronavírus. “Não fomos bater na porta”, diz o presidente. A reunião ocorre após várias conversas lideradas pelo governo argentino, chanceler Santiago Cafiero e o embaixador, Jorge Argüello. Mas a verdade é que a data em que o americano enviou o convite formal foi surpreendente.

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“Por que Biden recebe Fernández em plena discussão para as listas quando há um setor do próprio governista pedindo ao presidente que não concorra e pesquisas que mostram a vitória do Juntos pela Mudança?”, PERFIL pergunta a um líder que não faz parte do governo mas que mantém vínculos com a administração argentina e que conhece os movimentos da Casa Branca. Ele usa uma frase de Sergio Berni para explicar. O ministro da Segurança de Buenos Aires reconheceu que Fernández não estava politicamente morto. E é isso que Joe Biden vê. “Um país sem desequilíbrios e com estabilidade quando a região cede é conveniente para ele. Biden obteve acenos de Fernández todas as vezes que precisou e sabe que pode trabalhar com esta administração sem grandes contrapontos”.

No governo argentino, eles sabem que devem muito a Biden no acordo com o Fundo Monetário Internacional quando o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos se recusou a endossá-lo. Agora haverá espaço para mais um pedido: comissários de bordo. Essas acusações adicionais feitas pela organização internacional foram descobertas por Martín Guzmán em plena negociação e desde então o governo pediu que fossem removidas. “Biden já travou uma batalha interna importante pedindo a aprovação do acordo, temos que ver se ele também está disposto a fazer essa luta”, reconhecem da Argentina.

Sergio Massa integra a comitiva presidencial que se reunirá com Joe Biden

As consequências das mudanças climáticas serão outro tema importante a ser discutido. Fernández falará sobre os prejuízos já causados ​​pela seca na Argentina, talvez também em busca de um novo apoio dos Estados Unidos na discussão com o FMI.

A importância que Biden vai querer dar ao encontro tem a ver com as atas que vai atribuir à reunião e que acompanhará o chefe de estado dos EUA. O tempo estimado será de 90 minutos. Isso incluirá o encontro individual de Biden com Fernández, a declaração à imprensa e o encontro com os demais funcionários na Sala do Gabinete da Casa Branca.

No jargão diplomático, o bilateral tem o formato 1+8. Ou seja: o Presidente e 8 de seus funcionários. A certa altura acreditou-se que Sergio Massa poderia ter um forte protagonismo nesta partida, mas será mais um. Será preciso ficar atento a quem Biden sente no encontro e, justamente, a dupla de Massa é a figura mais importante e a que está em dúvida.

Em frente ao líder da Frente de Renovação deve sentar-se Janet Yellen. “Essa é a tabela ideal para a Argentina. Se em vez de Yellen houver Jake Sullivan, também seria um bom gesto da Casa Branca.”

Alberto Fernández chegará à Casa Branca com Santiago Cafiero (Ministro das Relações Exteriores), Sergio Massa (Ministro da Economia), Aníbal Fernández (Ministro da Segurança), Gabriela Cerruti (Porta-voz da Presidência), Julio Vitobello (Secretário-Geral da Presidência), Jorge Arguello (Embaixador da Argentina nos Estados Unidos), Luciana Tito (Chefe do Gabinete do Itamaraty) e Leonardo Madcur (Chefe do Gabinete de Economia).

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Na comitiva presidencial ainda não receberam a confirmação oficial de quem estará do outro lado com Biden. Estes seriam Jack Sullivan (Conselheiro Sênior de Segurança Nacional), Antony Blinken (Secretário de Estado), Juan González (Conselheiro de Segurança Nacional para a América Latina), Christopher Dood (Conselheiro Presidencial para a América Latina) e Marc Stanley (Embaixador dos Estados Unidos na Argentina). .

Com a incógnita sobre a presença de Yellen, a figura de Sullivan ganha relevância e é a segunda mais esperada pelo governo argentino. Na tarde desta terça-feira, Jorge Arguello fará uma última reunião com representantes da Casa Branca para finalizar os detalhes.

Antes de partir para Washington como última etapa da viagem, Fernández se reuniu com António Guterres, secretário-geral da ONU. A soberania das Ilhas Malvinas, as mudanças climáticas e o sistema financeiro foram os três temas discutidos.

Ao mesmo tempo, Cafiero participou de uma reunião virtual convocada pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, para discutir diferentes iniciativas para acabar com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e estabelecer uma paz duradoura neste país, de acordo com os princípios contidos na Carta da ONU. Como único chanceler latino-americano convidado por Blinken, o funcionário explicou que eles estão “comprometidos a contribuir para aliviar o sofrimento do povo ucraniano” e detalhou que “ao longo deste período de conflito os Capacetes Brancos realizaram doze viagens levando doações, em permanente coordenação com a comunidade ucraniana em nosso país”.

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