Hoje a indústria audiovisual nos apresenta um grande desafio. O panorama é desafiador, flutuante e dinâmico, mas ao mesmo tempo mais do que interessante. Depois da minha passagem pela Disney e desde a minha incursão com a minha própria produtora a partir do projeto La Suerte de Loli, licenciado à Telemundo, tudo foi uma vasta aprendizagem e afirmação do fascínio por esta indústria que vim para ficar.

Com mudanças de funções em cargos executivos, fusões entre grandes conglomerados e um esquema ainda não totalmente rentável para as grandes empresas SVOD, principalmente em nossa região, hoje a busca constante é fazer um negócio dar certo que paradoxalmente não pode parar de crescer.

Depois de uma fase de múltiplas confirmações de “sinal verde” de produção para grandes projetos, hoje os anúncios falam em reduzir orçamentos para originais, acalmando um pouco aquela verbosidade do passado para dar lugar à qualidade e não tanto à quantidade. Esquemas colaborativos (coproduções) estão crescendo cada vez mais. E por outro lado, o celeiro de novos criadores de conteúdo com grandes ideias, assim como bons roteiristas, buscam se aproximar de quem já percorreu esse setor e entender como abordar analistas e tomadores de decisão de grandes plataformas. E sobretudo “como” e “quando” tudo está dado e pronto para o fazer.

Nesse sentido, na SDO temos essa experiência para assessorar quem está decolando e também para colegas produtores que precisam ajustar seus projetos e prepará-los para poderem chegar a um analista de desenvolvimento. Com alianças sólidas, como Glowstar de Silvana D’Angelo, com quem compartilho consultorias criativas (Las malqueridas, projeto Ecuavisa), e Maria José Riera da Art Troupe (What a father is my family on VIX+). A área de distribuição da SDO conta com um catálogo de filmes, com atores do calibre de Mariano Martinez, Rodrigo Guirao (Humo bajo el agua), Nancy Duplaa e Carolina Ramirez (Unicornio), ambos de Midú/Junco, e Chocolate for three (Sanchez e Casalia). Também estamos trabalhando em um documentário chamado Mujeres en el espectro da Manada Producciones.

O marketing de conteúdo pré-produzido apresenta uma oportunidade para profissionais de marketing e produtores. Mas agora também para os grandes streamers, que já anunciaram que não vão mais reter as séries, documentários e filmes em seus ecossistemas, mas vão comercializá-los para outros potenciais compradores.

Estamos em um momento em que devemos estar atentos às mudanças que estão por vir e como a equação acabará sendo montada. O podcast surge hoje como um formato bastante tentador para produtoras de SVOD e plataformas que começam a se aventurar nesse modelo com projetos de ficção, trazendo bons roteiristas e talentos atraentes para o público. Um exemplo claro é o já bem-sucedido lançamento da Amazon Music, Número oculto, da produtora K&S, com roteiro de Carlos Wasserman, atuação de Cande Vetrano e direção de Peter Lanzani.

Por sua vez, o AVOD cresce cada vez mais, e tudo indica que o futuro é um modelo híbrido. Estamos todos atentos da indústria para saber como fica o exercício de juntar este esquema misto a 100%, ao modelo SVOD a que a Netflix tanto nos habituou e que hoje concorre com outras grandes plataformas como Prime, Disney, Paramount e HBO entre outros. E nem vamos falar do churn (churn rate). A busca e o desafio não é mais agregar novos assinantes e sim a difícil tarefa de mantê-los. O usuário saltador finalmente escolherá um serviço para ficar por muito tempo? Como a lealdade do usuário será alcançada? Serão oferecidos pacotes (bundles) com preços mais tentadores? Que outros novos modelos de negócios virão?

Muitas dúvidas em um setor que está em constante crescimento, mas tem grandes desafios a serem superados.

*Diretor da SDO Entertainment.

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