Na mesma avenida, mas em pontos e horários diferentes, manifestantes pró-Palestina e pró- Israel realizaram manifestações neste domingo, em São Paulo, em defesa de seus lados na guerra entre Israel e Hamas. Os atos, pacíficos, pediram de um lado o “fim do massacre” e, do outro, paz e liberação reféns israelenses.

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A concentração do ato que reuniu comunidade árabe e palestina começou às onze horas da manhã, na última quadra da Avenida Paulista, região central da capital. Perto das duas da tarde, representantes da comunidade judaica e de igrejas evangélicas começaram a se agrupar em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

As duas manifestações estavam a dois quilômetros e meio de distância. A Polícia Militar de São Paulo (PM-SP) não registrou ocorrências em nenhum dos atos, que se dispersaram de forma tranquila. O policiamento foi reforçado na região. Por causa das manifestações, a Avenida Paulista ficou aberta para os carros.

Organizadores do ato “Palestina livre – Pela paz e contra o genocídio e o apertheid” estimam a presença de 4 mil pessoas. Representantes da “Manifestação Pró-Israel pelo fim do terrorismo” dizem que reuniram 10 mil, apesar de ocuparem apenas a calçada em frente a Fiesp. A PM informou que não irá divulgar estimativas oficiais.

Bandeiras da Palestina, de um lado, e de Israel, do outro, eram predominantes. Os mastros de partidos políticos eram pontuais na primeira manifestação e inexistentes na segunda. No ato pró-Israel, a maioria dos participantes estava enrolada com o símbolo do país. As bandeiras eram lançadas ao público de cima de um caminhão, que tinha uma bandeira do Brasil ao lado de uma israelense.

Solidariedade com os palestinos

Do outro lado, além do vermelho, preto e verde, manifestantes também erguiam mensagens em apoio à Palestina. “Palestina resiste” e “Palestina livre já! Chega de massacre!” eram algumas das mensagens. Representantes de partidos como PCO e PSTU também ergueram bandeiras.

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Crianças, jovens, famílias e idosos participaram dos atos. Vestida com um hijab, a brasileira Zainab Abdallah, filha de libaneses, acompanhou o evento pró-palestina com a família. Ela diz que os árabes são irmãos e é preciso se solidarizar com a dor do outro.

— A gente precisa apoiar o povo que está sofrendo. Eu me imagino lá igual a essas mães e as irmãs que estão perdendo pai, irmãos e filhos. Eu não preciso estar lá para me solidarizar com eles — disse Abdallah, acompanhada das filhas.

Manifestante em ato pró-Palestina, em São Paulo — Foto: Edilson Dantas/O Globo

O pedido de libertação da Palestina a acusação da prática de crime de guerra por Israel marcaram boa parte dos discursos proferidos durante o ato em defesa dos palestinos. Demonstrações de apoio ao Hamas aconteceram em ao menos dois momentos.

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No fim do protesto, ao menos trinta homens se reuniram, em silêncio, para uma prece coletiva. A dispersão da manifestação aconteceu perto das duas horas da tarde, logo após a oração. A organização do evento foi feita pela Frente em Defesa da Luta do Povo Palestino.

Defesa de Israel e do fim do terrorismo

Do lado de Israel, a abertura do ato foi marcada pelo toque do shofar, instrumento tradicional da cultura judaica tocado geralmente em celebrações. O hino de Israel, seguindo por louvores evangélicos, foi tocado na sequência.

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Os discursos pediram o fim do terrorismo e a paz. Houve também a defesa de que um cessar-fogo só acontecesse após a libertação dos reféns pelo Hamas. Rabinos, pastores e representantes da comunidade judaica discursaram.

Rabino toca shofar na abertura de ato pró-Israel em São Paulo — Foto: Edilson Dantas/O Globo
Rabino toca shofar na abertura de ato pró-Israel em São Paulo — Foto: Edilson Dantas/O Globo

Em frente a Fiesp, vestindo uma kippah, Bruno Goldstein, de 27 anos, disse que compareceu ao ato porque “tem um vínculo muito forte” com Israel. Ele diz que a manifestação foi importante para mostrar que muitos não-judeus também concordam com a causa de Israel:

— Eu sou judeu e sionista. Meu avô lutou pela independência de Israel. Eu sou a favor do direito de defesa de Israel e que todo país possa se defender do terror, e possa continuar existindo.

Perto do fim do ato pró-Israel, um grupo de evangélicos se reuniu para coreografar um louvor. O ato, que foi organizado pelo Comitê Brasil-Israel, que inclui representantes da comunidade judaica e de igrejas evangélicas.