A depressão é uma doença crônica, complexa e multifatorial altamente prevalente na população. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 300 milhões de pessoas vivem com o transtorno. No Brasil, o Ministério da Saúde aponta que cerca de 15% dos brasileiros já receberam o diagnóstico.

O que acontece se a depressão não for tratada?

É importante que o paciente com sintomas de depressão busque ajuda imediatamente porque, se não tratada, a doença pode ser grave. Além disso, o acompanhamento médico poderá realizar o devido diagnóstico e diferenciar um desânimo comum do quadro que interfere na capacidade de trabalhar, dormir, estudar, comer e aproveitar a vida de forma geral.

— Se o indivíduo diz que não gosta mais de trabalhar, por exemplo, pode não ter nada a ver com depressão. Ele pode só estar cansado, estressado ou infeliz com aquela carreira. Mas quando alguém gostava de ouvir música, tocar piano, fazer exercícios ou jogar videogame e de repente para de sentir prazer nessas atividades, isso é um alerta — explica o psiquiatra André Brunoni, professor da Universidade de São Paulo (USP).

Quais os sinais de início de depressão?

Segundo o Ministério da Saúde, são sintomas da depressão:

  • Humor depressivo, sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. Muitos se mostram mais apáticos do que tristes, referindo “sentimento de falta de sentimento”;
  • Retardo motor, falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo, lentificação do pensamento, falta de concentração, queixas de falta de memória, de vontade e de iniciativa;
  • Insônia ou sonolência;
  • Alterações de apetite, geralmente diminuído, podendo ocorrer em algumas formas de depressão aumento do apetite, com maior interesse por carboidratos e doces;
  • Redução do interesse sexual;
  • Dores e sintomas físicos difusos como mal estar, cansaço, queixas digestivas, dor no peito, taquicardia, sudorese.

Como procurar ajuda em caso de depressão?

É muito importante buscar um médico em caso de sintomas. Para situações extremas, o Centro de Valorização da Vida oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio 24 horas por dia por meio do telefone 188 ou pelo chat e e-mail disponíveis no site www.cvv.org.br

Como fica a pessoa com depressão?

Cada paciente pode ter um quadro clínico distinto. Porém, o Ministério da Saúde cita que a pessoa com depressão geralmente acredita que perdeu de forma irreversível a capacidade de sentir prazer.

Os relatos citam uma visão de um mundo “sem cor”, com apatia e a sensação de que o indivíduo se tornou um “peso” para familiares e amigos. Há uma invocação da morte como forma de alívio e avaliações negativas de si mesmo e do mundo ao redor.

O que leva à depressão?

A depressão é considerada multifatorial e, portanto, causada por uma combinação de fatores:

  • Estudos com familiares estimam que há um componente genético que predispõe a pessoa para o diagnóstico;
  • Além disso, há evidências de que alterações na bioquímica cerebral, em neurotransmissores serotonina e dopamina, podem influenciar;
  • Há ainda fatores ambientais e psicológicos, como eventos estressantes ou traumáticos com potencial de desencadear o transtorno.
  • O diagnóstico pode ser ainda secundário, associado a um outro problema de saúde, como doenças crônicas e distúrbios do sono.

Quem está mais vulnerável?

Segundo Brunoni, a maior vulnerabilidade varia entre os países, mas geralmente mulheres, idosos e pessoas de menor renda também estão mais suscetíveis.

Além disso, o Ministério da Saúde elenca como fatores de risco para a depressão:

  • Histórico familiar;
  • Transtornos psiquiátricos correlatos;
  • Estresse crônico;
  • Ansiedade crônica;
  • Disfunções hormonais;
  • Dependência de álcool e drogas ilícitas;
  • Traumas psicológicos;
  • Doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, neoplasias entre outras;
  • Conflitos conjugais;
  • Mudança brusca de condições financeiras e desemprego.

Como é o tratamento da depressão?

O tratamento dependerá da gravidade do paciente e deve ser realizado apenas mediante indicação médica. Ele pode envolver psicoterapia, como com psicólogos, e intervenções farmacológicas, com os antidepressivos.

Além disso, métodos inovadores têm sido cada vez mais alvo de estudos e ganhando espaço pelo mundo. É o caso, por exemplo, de aparelhos de estimulação magnética que emitem impulsos elétricos para influenciar neurotransmissores importantes no diagnóstico.

Há ainda as pesquisas com psicodélicos, como a cetamina, que têm mostrado resultados promissores para tratar quadros de depressão resistente às alternativas atuais.

Os médicos destacam ainda a importância dos hábitos saudáveis, especialmente da alimentação balanceada, da redução no consumo de álcool e de uma rotina de atividades físicas, para controle do diagnóstico.

A doença ainda não é considerada curável, mas os pacientes conseguem chegar a um estágio de remissão dos sintomas.

Como prevenir a depressão?

Como boa parte das doenças, a depressão pode ser prevenida com hábitos de vida considerados saudáveis. O Ministério da Saúde recomenda:

  • Manter uma alimentação balanceada;
  • Incorporar exercícios físicos de forma regular na rotina;
  • Gerenciar o estresse reservando tempo para atividades prazerosas;
  • Evitar o consumo de álcool;
  • Não utilizar substâncias ilícitas;
  • Reduzir a ingestão diária de cafeína;
  • Estabelecer um padrão regular de sono;
  • Não interromper tratamentos médicos sem consulta prévia com um profissional de saúde.

Fontes: Organização Pan-Americana de Saúde (Opas); Ministério da Saúde; psiquiatra André Brunoni, professor da Universidade de São Paulo (USP) e chefe do grupo de Psiquiatria Intervencionista do Instituto de Psiquiatria da universidade.