Depois de ter caído para nível mais baixo em 100 anos em 2021, o consumo de carne se recuperará em 2023, segundo relatório da Bolsa de Valores de Rosario.

A entidade estima que o consumo total de carne bovina, aves e suínos pode ficar em torno de 115,2 kg per capita em 2023o que representaria um aumento 4,2% em relação a 2022.

Dessa forma, seriam alcançados níveis de consumo próximos aos de 2017. O relatório indica que em 2023 cada habitante consumiria um total de 4 e 3,4kg acima das médias dos últimos 5 e 10 anos, respectivamente.

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Quanto à composição da dieta cárnea do argentino médio, a BCR detalhou:

  • 46% carne bovina
  • 39% carne de aves
  • 15% carne de porco.

“A proporção de carne bovina teria aumentado 2,3 pontos percentuais em relação a 2022, atingindo níveis próximos aos de 2019”, afirmou a entidade.

Preços e poder de compra

Por outro lado, o relatório da entidade leva em consideração a remuneração bruta média do setor assalariado, que neste ano daria para comprar 163,5 kg de assado.

“Esses dados indicam uma recuperação do piso relativo alcançado em 2021, quando o poder de compra dos salários era de 134 kg, e pode ser um dos fatores explicativos para o aumento do consumo de carne que se tem vivido este ano”, explicaram da entidade.

No entanto, e mesmo com um panorama de possível melhoria, os BCR alertam que “apesar de ser uma recuperação no curto prazo, o poder de compra dos salários em carne ainda está quase 10 kg abaixo da média dos últimos 10 anos”.

Da mesma forma, observaram que “este indicador serve para se ter uma ideia do poder de compra em termos de carne, mas o superestima, visto que Trata-se de remuneração bruta e não de remuneração líquida” e precisou que “está a ser considerado apenas o sector privado assalariado, excluindo monotributistas, trabalhadores independentes e assalariados do sector público, entre outros.”

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Em relação aos valores dos tipos de carne, a instituição rosario detalha que desde 2021 a carne bovina ficou relativamente mais barata em termos da mistura de frango e porco: enquanto em 2021 você poderia comprar 2,1 kg de mistura com o que 1 kg de assado saiu, em 2023 esse valor caiu para 1,9.

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No entanto, pode-se afirmar que a carne bovina ainda está cara quando comparada à média dos últimos 10 anos, que é 1,7kg.

Enquanto isso, em maio, a carne, depois de vários meses em alta, caiu 2,62% e está a 12,9 pontos percentuais da média dos demais alimentos, o que mostra que ainda pode ter uma trajetória no preço, indicaram da consultoria LCG.

A análise explica que “o poder de compra da carne bovina melhorou nos últimos dois anos, tanto por sua relação com os salários quanto com os preços de outras carnes, razão pela qual aumentou sua participação relativa no consumo”.

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Por sua vez, da Bolsa de Valores indicaram que “se se afasta a lupa e se observa um período mais longo, como a média dos últimos 10 anos, observa-se que o consumo de carne bovina perdeu terreno frente ao de sua produtos alternativos em função do menor poder aquisitivo dos salários e do relativo barateamento da carne de frango e suína”.

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Consumo de carne bovina na Argentina em relação a outros países

Apesar de o consumo de carne bovina per capita estar em níveis próximos de mínimas históricaso BCR destacou que A Argentina ainda é o principal consumidor mundial de carne bovina por habitante.

Em 2023, estima-se um consumo de 53,1 kg por habitante, superando confortavelmente os dois países que continuam no pódio: Uruguai e Estados Unidos, onde o habitante médio consumiria 43 e 37 kg, respectivamente. Seguem-se Brasil (35,3 kg), Israel (27,2 kg), Chile (26,3 kg) e Austrália (25,6 kg).

LD/lm/ds

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