Enquanto o Ministério da Economia avança para levar até 15 de agosto o programa Preços Justos, que se aplica principalmente a alimentos e itens de limpeza, para celulares, roupas, calçados, motocicletas, bicicletas, linha branca e eletrodomésticos com custos fixos, os negócios nas proximidades reclamam que os acordos já anunciados para produtos de consumo de massa não são cumpridos.

A situação é mais complicada nas províncias, onde o programa não foi implementado. Para o ministério liderado por Sergio Massa, é fundamental reativar o consumo diante das eleições e, por isso, anunciou a renovação do programa Now 12 até 31 de janeiro de 2024.

A novidade é que agora, como requisito para participar, as empresas devem ter firmado um acordo de preços com o Ministério do Comércio.

A iniciativa abrange 35 categorias de bens, entre as quais se encontram precisamente as que passaram a ser incorporadas com preços fixos.

No entanto, um mês após o lançamento de Precios Justos Barriales, os produtos não estão disponíveis. Temos muitos inconvenientes”, disse à PROFILE Fernando Savore, presidente da Federação de Lojistas da Província de Buenos Aires (FABA). que cumpre.” Esta empresa só opera em seis províncias, incluindo Buenos Aires.

“Fora da AMBA tem muitas cidades que só tem alguns desses atacadistas que não estão cumprindo, e por isso esses colegas nunca vão poder ter aquela mercadoria”, enfatizou Savore.

Em Córdoba, o impacto dos Preços Justos de Bairro “é nulo”, garantiu Vanesa Ruiz, gerente do Centro de Armazéns dessa província, à PROFILE. Segundo Ruiz, os atacadistas que estão trabalhando em Buenos Aires não estão no interior “e nos que estão, não há produtos, e também não estão no preço que dizem nas listas”.

Em Formosa a situação é semelhante. Segundo Fabián Hryniewicz, presidente da Câmara da Pequena e Média Empresa (Capymef), o problema é que os atacadistas não existem ou não fornecem esses produtos e que “existem mercadorias muito sensíveis para o consumo de massa que não podemos acessar em nenhum caminho.” Entre os que faltam cita casos como óleo ou farinha comum.

Consultados pela PROFIL, representantes do setor em Pergamino e Entre Ríos afirmaram que os Preços Justos de Bairro “ainda não foram implementados”.

“Esses programas são para a AMBA”, disse Daniel Acuña, presidente da Câmara de Comércio de Punta Alta, na mesma linha. O empresário assegurou que ali não há produtos básicos como o arroz e o azeite, “e a única coisa que se faz é criar escassez”. Para o empresário, “eles lançam esses programas para ganhar tempo com o PASO”.

Os novos preços justos vigorarão precisamente dois dias após a eleição, mas os economistas duvidam de seu impacto.

Santiago Manoukian, da consultoria Ecolatina, explicou ao PERFIL que “a eficácia dos Preços Justos é baixa”. Isso porque “aplica-se principalmente aos supermercados” e, portanto, “impacta a população de maior poder aquisitivo”. Por outro lado, são programas orientados “principalmente para produtos de consumo massificado, não tanto para alimentos frescos, que dependem mais das condições climatéricas”, explicou.

A isto junta-se a escassez de divisas, o que “dificulta o cumprimento da parte que cabe ao Governo, que é garantir o acesso a divisas para poder importar”.

Segundo a pesquisa da Ecolatina, a inflação continuará desacelerando, embora isso tenha pouco a ver com os acordos de preços. “Na primeira quinzena de junho ante a primeira quinzena de maio, nosso indicador registrou mensalmente 7,4%, e é uma moderação que acreditamos responder a uma dinâmica menor de alimentos e monitorados”.

Por seu lado, Camilo Tiscornia, da consultora C&T, assegurou a esta média que a inflação em Junho pode ficar abaixo dos 7%, mas que este é um número que deve ser observado com atenção: “primeiro, porque Junho é um mês em que costuma ser pouca inflação” e segundo, ao contrário de maio, onde houve aumentos do gás e da eletricidade, “agora só tinha eletricidade”.

Além disso, salientou, a maior moderação na alimentação verifica-se nas frutas e legumes, “que não estão contemplados nos Preços Justos de Bairro”.

Dos varejistas eles garantiram que têm interesse em poder contar com esses produtos, principalmente levando em conta a queda nas vendas em relação aos supermercados e atacadistas. “A vontade do setor é porque nos convém”, disse Savore. “Nesse formato, o sacrifício é do atacadista, da fábrica e do varejista, mas se a mercadoria não for acompanhada no meio, ela não estará lá.”

O Ministério do Comércio disponibilizou um canal para denúncias de descumprimento. “Nós cuidamos do envio de cada reclamação que temos”, finalizou o presidente da FABA.

No entanto, consultadas pelo PROFILE, fontes daquela Secretaria garantiram que na AMBA o programa está funcionando, e que “não têm informações do resto do país.