“Naquela época, eu procurava o pôr do sol, os subúrbios e o infortúnio; agora, as manhãs, o centro e a serenidade”refletiu o mestre dos labirintos e espelhos em 1969, na reedição de Fervor de Buenos Aires. 100 anos após a publicação do primeiro livro de poesia de Jorge Luís Borgessua cidade natal o celebra no festival Borgesuma semana de atividades literárias gratuitasque analisa diferentes facetas do autor mais complexo e celebrado da Argentina.

Desde falas sobre sua relação com o cinema, o tango, a mídia e a autoria, até a análise de suas obras o Aleph, as ruínas circulares e claro, Fervor em Buenos Airespode ser experimentado presencial e virtual, mediante inscrição prévia.

Esta segunda-feira foi o primeiro dia da festa ao autor, com palestras virtuais do escritor espanhol eloy tizon, que discorreu sobre as circunstâncias biográficas e as características da obra de Borges que o transformaram em mito; o escritor argentino Cláudia Pineiro, que foi entrevistada sobre sua experiência como leitora e apresentadora do programa “Conversas no Labirinto”; e o professor e pesquisador Gonzalo Aguilar, que analisou Borges como espectador, roteirista e crítico de cinema.

Por que o legado de Jorge Luis Borges é incalculável

O Palestras presenciais serão realizadas nesta quarta e sexta-feirana biblioteca do casa de leitura(Lavalleja 924, CABA) e terá como expositores o jornalista Walter Romero, que abordará o tango segundo Borges, em uma turnê que se debruça sobre a “questão malevaje” e “a seita da faca e da coragem”; e o romancista e tradutor espanhol barba de andresque falará sobre Borges, seu “jeito elegante de plagiar” e as atuais dificuldades em entender sua ligação com os textos.

Além disso, o próximas palestras virtuais ficará a cargo da escola acadêmica galesa Richard Gwyn, sobre os mundos paralelos de Borges; o pesquisador norte-americano, especialista nos manuscritos de Borges, Daniel Balderson; o pesquisador Sylvia Saitta; o autor Deborah Mundani; e o jornalista e escritor Hinde Pomeraniec. Também o professor Annick Louis; o professor e pesquisador julio schvartzman; o autor limite claro e o escritor Carlos Battilana.

O Festival Borges é organizado pela editora e gestora cultural Marisol Alonso e pela autora Vivian Dragna. Em 2021, foi declarado interesse cultural pela Legislatura da Cidade de Buenos Aires. Este ano, além disso, conta com o apoio do Ministério da Cultura da Cidade.

Como participar do Festival Borges?

Todas as atividades presenciais e virtuais são gratuitas, embora não É necessário inscrever-se antes de cada atividade específico. No site do festival, você deve clicar no perfil do palestrante que deseja assistir e preencher os dados de contato (nomes, data de nascimento, país de origem e e-mail).

O link é o seguinte: https://www.festivalborges.com.ar

A programação desta semana no Festival Borges

Terça-feira, 6 de junho

  • Borges, escritor nacional?, de Annick Louis. Aos 16, modo virtual.

Considerado hoje o maior escritor argentino, Jorge Luis Borges foi discutido durante sua vida, e muitas vezes acusado de ser “pouco nacional” devido aos temas abordados e à estética abordada em sua literatura. Esta palestra retornará às características de sua obra e suas atitudes, aquelas que provocaram rejeição por parte da crítica e do público.

  • Borges e a mídia, de Sylvia Saítta. Aos 18, modo virtual.

Uma análise de algumas estratégias pelas quais Borges fez da mídia o primeiro espaço de circulação de sua literatura; em que também encontrou uma das principais etapas de constituição de sua figura pública como escritor e leitor. Saítta vai rever aquele Borges que publicava em jornais e periódicos de massa; foi entrevistado pela imprensa escrita e em programas de rádio e televisão; dirigiu revistas e suplementos culturais; participou como júri em concursos promovidos por jornais, editoras e revistas especializadas; posou para fotógrafos, deu autógrafos, participou de feiras de livros e eventos públicos.

  • Experiência Borges, de Hinde Pomeraniec. Aos 20, modo virtual.

A jornalista e escritora Hinde Pomeraniec relembrará sua construção como leitora. Quando e como Borges conheceu pela primeira vez? Como foi sua experiência como professor da Universidade de Buenos Aires, e também qual é o lugar de Borges na literatura atual.

quarta-feira, 7 de junho

  • O Aleph: Todas as formigas do mundo, de Julio Schvartzman. Aos 16, modo virtual.

O Aleph é um dispositivo óptico excepcional; seu usuário, um personagem chamado Borges; seu objeto, o universo inconcebível. Ou seja, o que não é possível conceber poderia, em todo caso, ser visto, por ação de instrumentos e circunstâncias excepcionais. O teste de habilidade do narrador é o momento em que ele deve enumerar o que, inconcebivelmente, viu. Assim, por um lado, o aleph (letra, alfabeto, escrita) pode ser pensado como um emblema da literatura. De outro, invertendo o sentido da lente, a visão dá conta de seu agente, um certo Borges: suas fragilidades, suas frustrações e seus álibis.

  • Reflexões sobre Borges, recursão e a hipótese dos mundos paralelos, de Richard Gwyn. Aos 18, modo virtual.

O académico galês vai utilizar dois contos do autor para explorar a ideia do duplo, da recursão e do infinito, regressando à ilha grega onde, aos dezoito anos, se deparou com estes textos. Assim, ele se aprofundará na ideia de um Borges que, quando criança, descobriu a noção de eternidade na tampa de uma lata de biscoitos, e a persegue desde então, por meio de seus escritos sobre labirintos, bibliotecas e o Aleph.

  • Tango segundo Borges, Walter Romero. Às 20h, modalidade presencial na Reading House, Lavalleja 924 (CABA).

Walter Romero, professor e intérprete, revisita o tango segundo Borges num percurso que se debruça sobre a “questão malevaje” e “a seita da faca e da coragem”, em ficções, ensaios, conferências, poemas e milongas do grande escritor. Borges, testemunha das primeiras décadas do gênero, dará suas contribuições conjecturais sobre a origem da música de nossa cidade, o caráter de seus primeiros versos, o lugar preponderante da milonga e o advento do tango, juntamente com a marca sentimental de Carlos Gardel, cantor emblemático.

quinta-feira, 8 de junho

  • Borges no momento em que escrevo, de Clara Obligado. Aos 16, modo virtual.

A autora fará uma análise, por meio do clássico conto de Borges “Emma Zunz”, dos recursos que podem servir como ferramentas de escrita e leitura.

  • Fervor de Buenos Aires: conjecturas sobre sua atualidade, de Carlos Battilana. Aos 18, modo virtual.

A leitura de Fervor de Buenos Aires nos leva a refletir sobre suas projeções no espaço da margem, aquela zona indecisa entre o campo e a cidade que o próprio autor identificou como “margens”. O livro permite abordar certos aspectos do contato e da diferença com outros poetas argentinos que traçaram o espaço urbano, como Evaristo Carriego e Baldomero Fernández Moreno. A palestra tentará pensar, a partir do trabalho de reescrita de Borges nas sucessivas edições do livro, a forma como tentou combater a ênfase verbal e a forma como valorizou a simplicidade retórica como valor estético.

  • O enigma das palestras de Borges sobre Edward FitzGerald e Omar Khayyam: meia página de anotações, de Daniel Balderston. Aos 20, modo virtual.

Borges fez meia página de anotações para uma palestra sobre o tradutor Edward FitzGerald. As breves notas nos permitem reconstruir a pesquisa que ele fez e os antecedentes de seu conhecido ensaio “The Edward FitzGerald Enigma”, acrescentando informações sobre seu interesse no assunto de saber se a tradução poética é possível.

sexta-feira, 9 de junho

  • A arquitetura do sonho. Uma entrada possível para As ruínas circulares, de Débora Mundani. Aos 16, modo virtual.

O autor analisará a história e seus interstícios por onde desliza uma das preocupações centrais da obra de Borges: a representação do “real”.

  • Borges, plagiador, de Andrés Barba. Aos 18, modo presencial.

Borges foi um autor revolucionário em muitos aspectos, mas sobretudo na revisão antirromântica da sua própria condição de autor e do conceito de autoria. Sua forma de escrever muitas vezes envolvia reescrever, parafrasear, mero comentário ou mesmo resumir, apropriando-se constantemente das ideias de outras pessoas e retrabalhando-as como suas.

Andrés Barba também tratará de como a narrativa eminentemente irônica de Borges entrou em colapso no mundo atual com uma leitura literal e sagrada muito errônea de seus textos, o que levou a constantes disparates, como o cancelamento e retirada do mercado de textos que eles fizeram, com a obra de Borges, exatamente como Borges fez com outros autores.

ML/ED

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